sexta-feira, 5 de abril de 2013

O desejo de consumir

Olha que coisa mais linda, cheia de graça!....vou comprar! Olha que coisa mais fantástica, cheia de cor.... Vou precisar! Vou comprar! Olha que giro, o que é? Para que serve? Vou comprar, algum dia vai dar jeito! Vou comprar, vou ter, será meu, o meu sonho é ter tudo o que os outros querem e o que os meus olhos e a minha vontade inconsciente quer também. Aqui mesmo e ja! E é assim que a nossa vida funciona. Se formos ver bem, tirando os bens essenciais, pois claro, já temos tudo e só compramos por gula consumisista, por desejos incontrolaveis de ter mais uma pequena coisa. A verdade é que, o simples facto de comprar, funciona como um pseudo- anti depressivo, um dilatório de todos os problemas do dia-a-dia, um "cover-Up" das nossas frustrações quotidianas. O desejos é tão grande que não tem remédio, nem mesmo a crise, para regozijo das marcas, que exacerbam esse desejo do consumidor, precisamente à escala do incontrolavel. Não sou fanático e não considero que possamos culpar as marcas e muito menos as campanhas que nos põem na ponta dos pés, bem perto do céu, lá bem longe.... Parece-me mais um problema de educação. Hoje em dia a educação não deve ser passada da mesma forma que era no século passado. Parece-me, e como leigo, que cada um de nós tem um deficit de educação, não só de " obrigado e desculpe" mas claramente de psicologia económica. Coisa que deveria ser ensinada na escola desde a primeira classe, lado a lado com a aprendizagem do a e i o u. Gostaria de ver uma população portuguesa muito mais consciente, muito mais, menos crente e mais céptica em relação a verdades absolutas. A discussão, o questionar, o pôr em causa, de forma aberta e inteligente, sem que nenhuma das partes da conversa se sinta ameaçada, mas antes desafiada em demonstrar o seu ponto de vista e aceitar a diferença. Vejo muito pouco disso. Basta ver os debates na tv, raramente alguém é capaz de ouvir a outra até ao fim e ter a capacidade intelectual de aceitar um ponto de vista que é diferente, mas igualmente valido. Voltando ao consumo, olha que coisa mais linda! Não vou comprar. Seria o fim das marcas. Seria o fim da abundância da diversificação e principalmente da diversificação da abundância. A gestão dos nossos impulsos pode dar-nos muito a ganhar mas certamente muito a perder. A verdade da mentira tem verdade . a verdade da verdade tem verdade. A mentira da verdade tem verdade. A mentira da mentira é a verdade!!! Tudo tem verdade, vai daí, o consumo é a verdade da nossa menira ( não tenho dinheiro mas mesmo assim vou consumir), é a verdade da nossa verdade ( vou consumir porque tenho dinheiro e quero), é a mentir da nossa verdade ( não posso mas quero, vou viver das aparências) e finalmente mentira da nossa mentira ( quem prega que o consumo não é a melhor cura para qualquer crise, está a mentir duas vezes por não admitir o estimulo e não perceber que tudo em macro economia tem a ver com o consumo real não especulativo. Eu consumo, com isso estou a satisfazer-me, estou a satisfazer o trabalhador que me vendeu, o seu patrão que vende mais e pode comprar mais, e por outro lado, também consumir mais, satisfaço o nosso estado que se mutila com o aumento dos impostos e assim, não precisa de subi-los, mas antes mané-los a um nível perfeitamente viável e aceitável para que o ciclo se feche. Este consumo aumenta o emprego, aumenta a receita proveniente de impostos, contribui para o bem estar da população em geral e da economia em particular. Em jeito de conclusão, consumam!neste momento, não poupem!! A revolução económica em Portugal será feita pelo povo. Será o povo a mostrar ao governo como a coisas se fazem. Será uma bofetada de luva branca e o nascer da nova era da teoria económica. O povo é quem manda e é com o consumo e não com a poupança que o povo vai vingar a crise e derrubar a direita conservadora (já fora esquerda), que mais parece um cavalo de olhos vendados a passear turistas, a toda a hora, todos os meses, anos e décadas, sem mudar percurso. Este pensamento poderá ser minimalista, frágil por si só e redutor, não contesto, mas em conjunto com um governo fortemente interessado nas empresas, no crescimento económico, na exportação mas também no mercado interno, no interesse de investir agora para colher depois e que se faça entender a nível europeu, tudo é possível e a melhoria das condições de vida é imediata. A minha vida é agora! Por mais que eu queira que os meus filhos vivam bem, eu também quero viver bem, sem ter a sensação de estar constantemente a ser vilipendiado. Quero uma política agora para agora e também para mais tarde. Chega de estarmos constantemente em crise! Chega de políticos que entram e saem e nunca são responsabilizados pelo mal que fazem. Chegar de tribunais constantemente atrasados! Chega! Ja esperamos o suficiente! Este é o momento de exigirmos tudo a que temos direito! Não somos mais nem menos do que os alemães nem do que qualquer outro membro da ue. Se o governo corta nas pensões, nós temos que sair à rua, se o governo aumenta os impostos, temos de sair à rua, se o governo não baixa o imposto automóvel e o imposto sobre os combustíveis, temos de sair à rua! Estes são pontos vitais que nos dizem totalmente respeito. A reacção é obrigatória agora e não depois. É o nosso hoje e o nosso amanha.... Convençam-se que ninguém viverá para sempre, a vida acaba. Esta tem de ser vivida com o máximo de respeito e o máximo de qualidade. Ninguém tem o direito de nos retirar o sorriso.

1 comentário:

Diogo Ribeiro disse...

Bom... isto está relacionado com o computador que compraste só pode :)

Parece um exercício de arrependimento no inicio e depois de validação do gasto no fim, hehehehe.

Se bem que andaste tanto tempo para o comprar que não se pode dizer que foi impulso. Mas estou contigo gastar mas só o que temos e podemos.